QUESTÕES LÉXICO-CULTURAIS EM CARTA DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL

Autores

  • Lúcia Helena Ferreira Lopes
  • Simone Beatriz Neves Pacheco

Palavras-chave:

Língua, Léxico, Cultura, Processo de nominalização, Representação

Resumo

A chegada das primeiras esquadras ibéricas às terras brasileiras e o encontro com os nativos datam de 22 de abril de 1500. Dados referentes a esse encontro entre homens diferentes, vivenciando distintos processos civilizatórios estão registrados na Carta do Descobrimento, escrita por Pero Vaz de Caminha e endereçada ao Rei lusitano D. Manuel, informando-o sobre essa terra, “achada” porque há muito imaginada e procurada, e os seus habitantes, situados na quarta parte do mundo (Cortesão, 1943). Diante desse contexto histórico, esta comunicação tratará do uso de certas formas vocabulares que possibilitaram a Caminha, por meio da estratégia de comparação, dizer a D. Manuel sobre o homem, objetos e plantas da Ilha de Vera Cruz. É por essa estratégia linguística que se constatou a ausência do vocábulo “índio” no referido texto, registrado em Bluteau (1728) como <> e, somente na segunda acepção faz referência ao nativo <<também chamamos índios aos povos da América>>. O vocábulo “cocar” foi nomeado como <<carapuça, cabeleira e/ou sombreiro de pena>>. Assim procedendo, Caminha projetou o desconhecido pelo conhecido e identificou, pelo processo comparativo, relações entre o cocar, a carapuça e o sombreiro. Embora tenham funções distintas, conforme o uso em cada sociedade – enfeitar, proteger do frio e proteger do sol, respectivamente – esses objetos se assemelham quanto ao lugar que ocupam no corpo. Os fundamentos teórico-metodológicos que propiciaram o desenvolvimento desta investigação foram aqueles da linguística textual-discursiva, numa interface com aqueles da lexicultura e da lexicologia (Turazza, 1996).

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Publicado

2023-08-10

Como Citar

Helena Ferreira Lopes, L., & Beatriz Neves Pacheco, S. (2023). QUESTÕES LÉXICO-CULTURAIS EM CARTA DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL. Revista Científica Mais Pontal, 2(2), 168–181. Recuperado de https://revistas.facmais.edu.br/index.php/maispontal/article/view/111